[MEEF] Nota Eleições DCE/UFRGS do Coletivo Tecer Amanhãs

Compas encaminhamos a avaliação do Coletivo  Tecer Amanhãs sobre as eleições para o Diretório Central de Estudantes da UFRGS que ocorreram em novembro. 


Nota Tecer Amanhãs sobre eleições para o DCE-UFRGS

 

                Disputamos o Diretório Central de Estudantes (DCE) por compreendermos que é uma ferramenta importante, que pode se girar para tocar as lutas dentro e fora da Universidade, representar os estudantes, levar adiante as bandeiras do Movimento Estudantil combativo e de luta. Mas que também pode se tornar uma ferramenta burocratizada e que poderá andar junto com as políticas impostas pelo governo federal, estadual e mediado pela reitoria, ou seja, é uma ferramenta que tem importância e está em disputa.

Após um período único que vivenciamos nesse ano de 2013, fruto de processos de lutas que tem acontecido nos últimos anos, unificamos grande parte da esquerda para disputar as eleições para o DCE gestão 2013/2014. As manifestações desse ano, que iniciaram pela pauta da contrariedade ao aumento das passagens, e que foi evoluindo e incluindo pautas mais gerais como a defesa da saúde e educação pública, gratuita, de qualidade, a contrariedade da vinda da copa do mundo para o Brasil, a negação dos partidos políticos por um setor expressivo, é fruto de um período de governabilidade do Partido dos Trabalhadores (PT). Esse partido, que nasce das lutas sociais da classe trabalhadora, passa por um processo de "transformismo" e assume o poder dando continuidade e intensificando as políticas neoliberais para a população brasileira. Apontamos esse fato como central para compreendermos que a classe trabalhadora está questionando essa forma de fazer política e o projeto construído por ela mesmo, o programa democrático e popular (PDP).

As lutas desse ano foram tocadas, principalmente, pela juventude trabalhadora, então teremos reflexos dessa conjuntura no ME. Saímos de uma gestão de DCE, que era composto por toda a esquerda, bastante desgastados, refletimos sobre nossas práticas e saímos com a ideia de no ano de 2014 fazer diferente, tanto na forma organizativa, quanto no método de tocar a política, tão questionada pela juventude que esteve nas ruas. Conseguimos montar uma chapa de esquerda, alguns setores se retiraram da chapa, mas nos apoiaram e um setor, pouco expressivo, fez uma chapa "Amanhã Vai Ser Maior", organizada pela juventude Rebele-se e independentes.

A disputa para as eleições para o DCE da UFRGS foi entre a nossa chapa "Nada Será Como Antes Nas Ruas e Na UFRGS", composta por representantes ligados ao PSOL (Juntos, Contestação, Vamos à Luta), PSTU, ANEL, Tecer Amanhã e independentes. A chapa 2 "DCE Para Todos", organizada por coletivos do PTB, PPL, PDT, PCdoB, e PT (Mudança). A chapa 3 "DCE de Verdade – Meu Partido é o Estudante", representada por estudantes ligados ao Movimento Estudantil e Liberdade (MEL), que estiveram a frente do DCE na gestão 2009/2010, e mesmo com o discurso apartidário uma das primeiras ações ao assumirem a gestão em 2009 foi sentar com a  Governadora Yeda (PSDB) e esse ano ao se elegerem receberam nota de apoio do vereador Thiago Duarte (PDT). Chapa 4 "Amanhã Vai Ser Maior", da juventude Rebele-se do PCR e independentes e a chapa 5 "Novação", composta por militantes do PT.

Infelizmente a política que tanto vemos e que não apoiamos se encontra no ME, um grande exemplo disso é o discurso apartidário da chapa 3 que utilizou de mentiras para conseguir votos de estudantes que não acreditam em partidos políticos. Acreditamos que o movimento deve ser independente, isso não significa que não aceitaremos partidos compondo as chapas, pelo contrário, são bem vindos, contanto que tenhamos um programa em comum e que a chapa tenha independência e autonomia, ou seja, o partido terá uma relação de respeito com o movimento e vice-versa. Compreendemos a negação dos partidos como fruto de um processo construído, principalmente pelo baque que a classe teve com a chegada do PT ao poder e por esse mesmo partido ter retirado seus direitos. A negação dos partidos vem de muito antes disso, mas é intensificada com a cooptação de alguns partidos da classe, dos movimentos sociais históricos, da corrupção dos partidos que estão nos governos. E a partir desse discurso a chapa 3 conseguiu sair vitoriosa, com uma diferença significativa da chapa 1, foram 486 votos a mais.

A Chapa 2, que sem receio podemos dizer que é de direita, ao ver que a chapa 3 teria chances de ganhar parou de chamar votos para sua chapa e deixou a chapa 3 lavar os votos na engenharia (principal local de disputa entre as duas chapas). Ou seja, a chapa que tem partidos que se dizem ainda de esquerda auxiliaram para que o conservadorismo, o fascismo e o racismo ganhassem as eleições. Isso significa que não podemos acreditar que esse setor está ao lado dos estudantes ou da classe trabalhadora, há muito abandonaram o projeto socialista. 

A Chapa 4 não compôs a unidade da esquerda e optou por denunciar os problemas das últimas gestões que a esquerda tocou, e além disso se utilizou de inverdades passando em sala de aula e afirmando que não ocupávamos reitoria desde a década de 1980, sabemos que essa afirmação é uma falácia, pois tivemos ocupações expressivas, principalmente a que saiu vitoriosa com o RU da ESEF e as ações afirmativas. Não afirmamos que perdemos por conta do racha da chapa 4, mas também precisamos compreender a responsabilidade que existe num setor de esquerda ao utilizar o denuncismo para se autoconstruir e não tentar construir coletivamente, por dentro, unindo forças, para ter um DCE nas ruas e na UFRGS em 2014, ano que será expressivo para o país.

Teremos um DCE dirigido pelo que há de mais conservador, que acreditam que a entidade é prestadora de serviços e que o estudante é o consumidor. Aqueles que se dizem sem partidos, mas na sua composição tem estudantes ligados ao MEL e com posições próximas a partidos conservadores e de direita. Não precisamos estar filiados a partidos para termos posicionamentos que nos aproximam ou distanciam de determinada política.  O ano de 2014 será emblemático para o país, certamente um ano de muita luta, no âmbito da educação, da saúde, do transporte, da moradia, por isso precisamos ter um movimento organizado e unido para combater a esses ataques, já que o DCE não irá cumprir esse papel.

Participamos das eleições não só com intuito de vencê-la, mas porque a compreendemos como um processo educativo. Infelizmente não alcançamos a vitória para a entidade compor as lutas, mas acreditamos que através do trabalho de base que a esquerda realiza devemos dar exemplo para os estudantes e para a sociedade da nossa unidade, da nossa coerência e demonstrar na prática a mudança que a juventude trabalhadora nos pediu nesse ano. Chamamos todos os companheiros para compor uma Frente de Esquerda dentro da Universidade e a compor a luta nas ruas e na UFRGS.

 

Coletivo Tecer Amanhãs, dezembro de 2013


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Marina El Hajjar Meneghel

DAEFi - UFRGS (Gestão 2012/2013)


*Educação Física é uma só! Formação Unificada JÁ! *

*Dos megaeventos eu abro mão! Quero saúde, esporte, moradia e educação!"

- Não aceitem o habitual como coisa natural, pois em tempos de desordem, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar -  Bertold Brecht

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