Encontro de ontem, encontro de lágrimas!

Reunião: GENPEX
Data: 29/06/12
Horário: 18h às 21h
Presentes: Marcos, Gabi, Janaina, Jaqueline, Janiele, Julieta, Kássia, Mariane.
 
Encontro de lágrimas
 
lágrimas pelo Sérgio
lágrimas pela degradação humana
lágrimas pela nossa impotência frente a decisão do outro de se destruir
lágrimas por não saber o que fazer
lágrimas pela nossa indignação
lágrimas pela esperança em não aceitar o mundo tal como ele está
lágrimas pela vida
lágrimas que se abraçaram
lágrimas de dor e amor...
 
O nosso encontro foi permeado de lágrimas. Ao chegar UnB havia um burburinho de seguranças da UnB impedindo o Sérgio de entrar na FE. O Sérgio é um estudante de Pedagogia dependente químico e morador de rua. Ele estava embriagado e muito nervoso. Os seguranças da UnB estavam tentando tirá-los da UnB. Sérgio não estava aceitando a situação. Gritava. Pedia socorro. Entrou na sala do GENPEX em busca do prof. Renato. Onde está o prof. Renato? Tentamos explicar que o prof. Renato não estava em Brasília. Ele ouviu? Ninguém sabe. Saiu. Foi embora. Aos gritos, dizia que não aguentava mais apanhar.
 
Sérgio foi embora, mas sua presença ficou em nossos corações. Pauta da reunião. Não havia como fugir dessa situação. O que fazer? O que podemos fazer? Temos algo a fazer? Pensamos e discutimos muita coisa: respeito, limite, conivência, diálogo, oração.
 
Janaína propôs uma oração. Levantamos e rezamos pelo Sérgio, por nós também. Pelas nossas angústias. Pedimos a Deus que cuidasse do Sérgio. Abrisse seu coração para uma decisão pessoal pela vida.  Podemos chegar nessa decisão? É possível? Sem muitas certezas, conversamos. Como educadores, o que fazemos frente ao suicídio? Dialogamos! Questionamos! Lutamos até o fim pela vida, sabendo que, mesmo assim, a decisão do outro pode ser outra. Respeitar, chorando ou sorrindo.  
 
Marcos trouxe sua história de vida. Dura como a do Sérgio, mas com outro desfecho. Não seria interessante uma conversa do Marcos com o Sérgio? Pensamos uma proposta!  Chegamos às drogas. No mundo como nosso, não seria uma fuga das injustiças? Jaqueline e Mariane perguntaram. E nós, como educadores o que fazemos? Aceitamos esse curso do rio? Nadamos contra a corrente? Sofremos!  
 
Aportamos na Bíblia buscando acalento para nossas angústias. A prostituta que seria apedrejada apareceu na conversa. Janaína lembrou que Jesus no seu amor-liberdade diz: vais e não voltes a pecar. Julieta completa a citação: Jesus não se omitiu. Frente a uma situação de morte, perguntou, fez cada um olhar para si! Quem não tiver pecado atire a primeira pedra! Pergunta que pode salvar uma vida. Seria a resposta, uma pergunta?
 
Tentamos voltar para o Paranoá, Itapoã, Ceilândia e Taguatinga. A corrente da palavra não queria seguir esse curso...a experiência vivida transformou a reunião, transformou nossos corações. Estávamos juntos na UnB. O vazio da greve, a presença do Sérgio, os nossos corações angustiados, poucas respostas, muitas perguntas.
 
Senti-me como os discípulos de Jesus quando se encontraram, após a morte de seu mestre. Quantas angústias não estariam em seus corações? Estavam sozinhos? Não! Estavam em comum-unidade. Unidade de corações. Assim como nós! Chorando. Lágrimas que se abraçaram. Lágrimas e abraços coletivos de dor e amor...
 
Amo muito todos e todas vocês. Gratidão profunda por essa convivência de amor.
 
Julieta
 

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