"Nesse início de ano estava ouvindo um CD, chamado Ourobórus. Na capa, além do nome,
havia uma cobra, ou dragão, não sei bem ao certo, disposta em forma de círculo e comendo o seu
próprio rabo. Ao som do rock instrumental bem tocado, refleti sobre aquela imagem,
particularmente sobre o quanto fazemos isso em nossas vidas, sendo cobras ou dragões. Em
certos momentos, nos devoramos no pior sentido, nos deformamos, nos destruímos, como se a
cauda fosse nosso passado e a boca fosse um pano sujo que o borra a cada vez em que o
visitamos. Já em outros, nos devoramos bem, nos reinventamos, nos vemos de fora e aprendemos com nós mesmos. Nas horas boas,
somos capazes de alterar o passado, na construção de um novo olhar, mais tolerante,
que substitui aquele que o revisitava e o julgava de forma intransigente. Faz parte do
passado a memória sensível que constantemente se altera, inicialmente para suportá-lo e, posteriormente, para amadurece-lo..."
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