Aldeia Kaiowá Guarani organiza acampamento de resistência com a presença de observadores internacionais
Durante o ano de 2012 a situação vivenciada pelo povo Kaiowá Guarani, no Mato Grosso do Sul, ganhou maior repercussão após divulgação de carta na qual os Kaiowá Guarani afirmavam cometer suicídio coletivo caso a ordem de despejo da Aldeia Puelyto Kue fosse concretizada. O desencontro de informações – gerada em grande medida pela postura oficial assumida pela Funai ao negar resolução aprovada no principal conselho Guarani Kaiowá, o Aty Guasu – deu a tônica nos debates que se seguiram, revelando o desconhecimento da maioria da população em relação a opressão sofrida por este povo na luta pela demarcação de seus territórios tradicionais.
A repercussão do fato ampliou o número de pessoas que passaram a se solidarizar com a causa do povo Kaiowá Guarani, nacional e internacionalmente. Apenas no Brasil, mais de 50 atos foram realizados em diversas cidades do país, o que não significou, propriamente, uma mudança na qualidade de vida deste povo, que segue oprimido pelo agronegócio e pelo próprio Estado. Por este motivo, foi formado o Comitê Internacional de Solidariedade ao Povo Kaiowá Guarani que, dentre outras ações, organizou um acampamento de observadores na Aldeia Taquara, localizada no município de Juti, e a segunda "Expedição Marco Veron" – que leva o nome do cacique assassinado em 2003 – que seguirá durante todo o mês de janeiro de 2013, levantando dados referentes à situação em que se encontra o povo Kaiowá Guarani.
O objetivo do acampamento de observadores, iniciado em dezembro, é coibir a violência praticada por milícia chamada Sepriva Segurança, organizada por policiais da DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e pela FAMASUL (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul) a mando do fazendeiro Jacinto Honório Silva Filho. Conforme Ernesto Veron, filho do cacique Marco Veron e representante da liderança Guarani Kaiowa na Taquara, "é importante que os observadores estejam aqui para ver com seus próprios olhos as dificuldades e ameaças. A dificuldade da oca, alimentação, saúde e justiça – que não se importa muito com a gente. É importante que levem na memória e para justiça e demais autoridades que venham ver nosso sofrimento na aldeia Taquara."
Neste curto espaço de tempo foi notado tentativas de intimidar o povo Guarani Kaiowa, como a presença constante de carros que passam pela aldeia ameaçando e ofendendo a população, inclusive as crianças.
A opressão se intensificou na região com a expansão das fronteiras agrícolas, no contexto de reconfiguração do agronegócio no final da década de 1970.
As terras da aldeia Taquara já foram reconhecidas, porém a população aguarda há 13 anos pela homologação. O processo de demarcação, iniciado em 2000, foi interrompido em 2010 após decisão do ministro da Justiça, Paulo Barreto, que suspendeu a portaria que declarava a Terra Indígena Taquara como tradicionalmente indígena, o que significa na prática, a posse permanente da área aos Guarani Kaiowá.
A área reconhecida pela Funai apresenta um total de 9.700 ha. Segundo as lideranças locais, destes 9.700 ha, 4300 ha foram invadidos pela monocultura da soja e pelo menos 4.700 ha por pastagens destinadas à produção pecuária. Na conta final, aos Guarani Kaiowá restaram 90 ha.
Neste contexto de violência generalizada e desrespeito aos direitos do povo Guarani Kaiowá, tanto o acampamento quanto a expedição se colocam como mais uma forma de resistência. E neste espaço, divulgaremos boletins direto da aldeia Taquara com as informações observadas.
Mais informações: http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com/
--
Você recebeu esta mensagem porque está inscrito no Grupo "ListaRepea". É
uma lista para trocar idéias e aprender uns com os outros, compartilhando informação e conhecimento sobre educação ambiental.
Esta lista é cuidada por Edna Costa e Raphael Golin.
Para exclusão: <<listarepea-unsubscribe@googlegroups.com>>
demais solicitacoes inclusive remocao, escreva para:
ednacosta@gmail.com ou raphael@5elementos.org.br
Para postar neste grupo, envie um e-mail para:
listarepea@googlegroups.com
Para mais opções e configurações, visite este grupo em
http://groups.google.com.br/group/listarepea?hl=pt-BR
0 comentários:
Postar um comentário